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O CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente aprovou
hoje (3/8) o parecer da Secretaria do Meio Ambiente do Estado - SMA, considerando
ambientalmente viável a dragagem do Canal de Piaçagüera
pretendida pela Companhia Siderúrgica Paulista - COSIPA, em Cubatão.
O parecer sobre o empreendimento, denominado “Dragagem da Bacia
de Evolução e do Canal de Piaçagüera, incluindo
Gerenciamento dos Passivos Ambientais na própria Área da
COSIPA”, foi elaborado pelo Departamento de Avaliação
de Impacto Ambiental - DAIA, órgão da SMA.
Com a deliberação do CONSEMA, a COSIPA irá receber
a Licença Prévia, para dar continuidade ao processo de licenciamento,
que prevê ainda as Licenças de Instalação e
de Operação.
Canal de navegação
A COSIPA se instalou no Pólo
Industrial de Cubatão, em 1953, ocasião em que já
se verificou a necessidade de implantação de um terminal
portuário para viabilizar a importação de matérias-primas
(minério de ferro, carvão mineral e outras) e a exportação
de produtos produzidos (aço e derivados).
Para viabilizar o acesso ao terminal portuário, a COSIPA efetuou
a dragagem e retificação do canal natural dos rios Mogi
e Piaçagüera, abrindo uma calha com 60 metros de largura,
10 metros de profundidade e extensão de 8,5 quilômetros.
Foram removidos 12,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos,
que tiveram como destino final as áreas de manguezais das regiões
lindeiras ao canal. O canal, inaugurado em 1965, passou a ser utilizado
também pela Ultrafértil que implantou o seu terminal portuário.
Sedimentos
Desde a sua construção, para
garantir a segurança da navegabilidade e evitar riscos de enchentes
e inundações na região, têm sido realizadas,
periodicamente, dragagens de manuntenção do canal de navegação
e da bacia de evolução dos terminais marítimos da
COSIPA e Ultrafértil. O material dragado é transportado
para bota-foras em área terrestre ou marítima.
Em 1979, em função do plano de expansão da COSIPA,
bem como para acompanhar a evolução do porte dos navios,
o canal de navegação foi ampliado para 12 metros de profundidade
e 100 metros de largura. Para disposição dos sedimentos
dragados foi construído, em área marginal ao canal, um dique,
denominado Dique do Furadinho, com área superior a 1,5 milhão
de metros quadrados.
Em 1988, com a finalidade de obter autorização para execução
de nova dragagem e disposição do material no Dique do Furadinho,
a COSIPA apresentou à SMA um Estudo de Impacto Ambiental-Relatório
de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), que foi aprovado pelo CONSEMA. Em 1997,
em função do levantamento efetuado pela Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental - CETESB sobre a contaminação dos
sedimentos nos canais de navegação do estuário santista,
ocorreu a suspensão preventiva da dragagem, até que a situação
fosse mais conhecida e devidamente gerenciada.
Porém, o acúmulo de sedimentos no canal tem ocasionado problemas,
impossibilitando a navegação em condições
consideradas normais e obrigando as embarcações a deixar
os terminais com volumes menores de carga, sem contar o tempo perdido
no aguardo de melhores condições de maré para entrar
na área do canal.
Medidas ambientais
A operação de dragagem, transporte
e disposição final dos sedimentos do Canal de Piaçagüera
é particularmente complexa, uma vez que uma parcela desses sedimentos
apresenta índices de contaminação acima dos níveis
aceitáveis para disposição no mar. Assim, baseando-se
na caracterização dos sedimentos foram estabelecidos referencialmente
quatro setores (Bacia de Evolução, trecho Quilombo, trecho
Cubatão e saída do canal), que serviram para o estabelecimento
e priorização das fases de dragagem do canal, face ao maior
ou menor grau de contaminação desses setores, bem como seus
pontos críticos de assoreamento.
A primeira etapa dos trabalhos abrangerá a dragagem de 100 mil
metros cúbicos de material contaminado da Bacia de Evolução,
junto aos Berços de Atracação, e disposição
dos sedimentos no Dique do Furadinho. Nessa área, onde se iniciará
a dragagem, o nível de assoreamento dificulta a operação
dos rebocadores e atracação dos navios com riscos à
segurança, além de conter a maior parte da carga de poluentes.
No total, a dragagem de todo o canal deverá remover cerca de 2,5
milhões de metros cúbicos de sedimentos.
Quanto ao Dique do Furadinho, os estudos apresentados indicam a viabilidade
do aproveitamento da região, como local para disposição
dos sedimentos contaminados,
estando prevista a construção do novo dique composto de
três Unidades de Disposição Confinada - UDCs. Ademais,
um programa de recuperação ambiental complementar irá
proporcionar o gerenciamento do passivo ambiental representado pela contaminação
dos sedimentos depositados, no passado, no local e promover a recuperação
dos campos brejosos, ambientes aquáticos e da paisagem na faixa
de preservação do Dique.
O custo total estimado para o empreendimento é de R$ 62,5 milhões.
Como medida compensatória, será alocado e destinado 0,5%
do valor total, para investimento no
Parque Estadual Xixová-Japuí, localizado na Baixada Santista.
Texto
Mário Senaga
Fotografia
José Jorge
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