As emissões veiculares no estado de São Paulo vêm decrescendo lentamente ao longo dos anos, mostrando que os programas de controle atuais têm obtido impacto positivo, principalmente considerando que no mesmo período a frota aumentou sistematicamente. Essa é uma das principais conclusões registradas no novo relatório de emissões veiculares (2014) produzido e disponibilizado pela Cetesb em sua página na internet. Esse documento também traz uma inédita estimativa da emissão de vapor de combustível gerada durante o abastecimento dos veículos nos postos de gasolina.

A nova edição do relatório mostra o resultado da emissão de poluentes e de gases de efeito estufa (GEE) lançada na atmosfera pela circulação da frota do estado, atualmente com mais de 15 milhões de veículos. Traz os resultados do período de 2006 a 2014, permitindo demonstrar a evolução das emissões.

Vale lembrar que, além do papel de agência de controle ambiental estadual, a Cetesb atua no âmbito nacional como agente técnico do IBAMA no gerenciamento dos programas de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE) e por Motociclos e Veículos Similares (PROMOT), é membro da Comissão Técnica do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular e atua, ainda, no quesito de eficiência energética do Programa INOVAR-AUTO, certificando os ensaios de consumo de combustível dos veículos.

Conforme Marcelo Bales, gerente do Setor de Avaliação de Emissões Veiculares, da Diretoria de Engenharia e Qualidade Ambiental da Companhia, os dados gerados na atuação desses diversos programas foram utilizados, atualizados e analisados na publicação, para tornar a informação mais transparente e permitir a avaliação e a definição de políticas do setor. “O relatório apresenta indicadores que permitem acompanhar os resultados dos programas e a situação da frota circulante ao longo do tempo”, ressalta.

O documento revela, entre outros dados, que as emissões totais no estado, em 2014, foram de 417 mil toneladas de monóxido de carbono/CO (35% a menos que a emissão de CO em 2006), 85 mil toneladas de hidrocarbonetos não metano/NMHC (28% menos que em 2006) – já incluída a estimativa de emissão de abastecimento – , 1,8 mil toneladas de aldeídos/RCHO (35% menos que há 9 anos), 171 mil toneladas de óxidos de nitrogênio/NOx (21% a menos), 4,8 mil toneladas de material particulado/(MP (43% a menos) e 5,6 mil toneladas de óxidos de enxofre/SOx (53% a menos). Como nas edições anteriores, as estimativas de emissões das regiões metropolitanas demonstram que a RMSP é a mais impactada pela circulação e comporta aproximadamente metade da frota do estado.

Entre 2006 e 2014, os dados estaduais mostram que o decréscimo na emissão de poluentes foi motivada pela incorporação de veículos com novas tecnologias em substituição aos veículos antigos, mais poluidores. O relatório aponta que a frota paulista cresceu 3% em 2014, confirmando uma tendência da taxa de crescimento, em queda desde 2012, após período de alta das vendas de veículos novos. A idade média da frota é de aproximadamente nove anos. A parcela dos mais antigos, correspondente a 10% do total, é responsável por mais ou menos 40% da emissão de alguns dos principais poluentes que afetam a qualidade do ar. Ao contrário, a parcela mais nova da frota – carros fabricados a partir de 2014 –  corresponde a 7% do conjunto de veículos leves e é responsável por apenas 2% da emissão total de poluentes da categoria. Projeções de especialistas dão conta de que essa frota mais antiga demorará ainda cerca de 10 anos para ser totalmente substituída.

Complementarmente, a análise da evolução tecnológica da frota no período entre 2006 e 2014, para automóveis, permite verificar no ano passado uma situação excepcional contrária à tendência geral de redução das emissões que havia até 2013, fato que se deve justamente à diminuição da taxa de crescimento de vendas de veículos leves novos. Com relação aos caminhões, no mesmo período, a tendência de redução da emissão é bastante visível para todos os poluentes – provavelmente, por causa da evolução da frota para fases mais recentes do Proconve, como a Fase P7 (última fase dos veículos pesados), iniciada em 2012. E com relação às motos, nota-se que, com exceção do NOx – cuja emissão estabilizou – , decresceu para outros gases, sendo que com a nova fase M4 do Promot, a partir deste ano, novos ganhos deverão ser registrados.

Ações fiscalizatórias, como a da fumaça preta emitida em excesso (acima do permitido pela legislação) pelos veículos diesel, atividade essa exercida rotineiramente ou em megacomandos durante a Operação Inverno pela Cetesb, que resultaram em cerca de 21 mil multas em 2014, certamente também contribuíram para a redução da emissão de fumaça para a atmosfera.

Destaca-se no relatório, ainda, a diminuição drástica da emissão de compostos de enxofre em 2014,  em função da redução desse contaminante na gasolina, desde o ano passado, e no diesel, a partir de 2013. A exceção é a emissão de vapor de combustível durante o abastecimento, que cresce na mesma proporção do consumo. Bales lembra que esse tipo de emissão ainda não é controlado no Brasil e na maior parte do mundo, porém os dados mostram que ele é significativo.

Esta edição traz, por fim, uma estimativa da emissão de gases de efeito estufa (GEE) provenientes dos veículos automotores, que totalizou 39 milhões de toneladas, mostrando uma pequena diminuição em relação a 2013. Essa redução ocorreu em função  da queda no consumo de diesel – combustível fóssil – , e do aumento do uso do etanol – combustível renovável – , em substituição à gasolina.