Os automóveis “flex” da cidade de São Paulo percorrem, em média, cerca de 15 mil quilômetros por ano, os caminhões mais novos, por volta de 45 mil quilômetros anuais, e os ônibus urbanos, em torno de 60 mil quilômetros. Estas informações, extremamente relevantes para o cálculo de inventários de emissões veiculares ou outras análises que utilizem a rodagem dos veículos, são exemplos de dados que podem ser extraídos do mais recente estudo produzido e disponibilizado pela CETESB, o relatório “Curvas de intensidade de uso por tipo de veículo automotor da frota da cidade de São Paulo” .

O objetivo do presente estudo foi de ajustar curvas de intensidade de uso da frota inspecionada na cidade de São Paulo e avaliar sua adequação para emprego nas estimativas das emissões do inventário estadual de emissões veiculares. Em 2012, a frota da capital correspondia a 31,5% da frota do Estado. Os dados que serviram de base para o estudo foram cedidos pela prefeitura municipal. Eles foram levantados através do Programa de Inspeção e Manutenção da Cidade de São Paulo, nos exercícios de 2010 e 2011. Os dados de quilometragem efetivamente percorrida foram levantados com base na observação do hodômetro em dois exercícios consecutivos, para o mesmo veículo. São, portanto, dados reais de quilometragem percorrida por ano e não estimativas.

As quantidades de veículos pesquisados foram: 1.670.802 automóveis e derivados, 39.175 utilitários do ciclo Otto, 33.375 veículos diesel e 121.367 motociclos e similares. Números bastante representativos para a finalidade pretendida de ajuste de curvas de intensidade de uso em função da idade do veículo. O percentual de automóveis cobertos pelo ajuste foi superior a 98%, para todas as categorias e combustíveis dos veículos do ciclo Otto; para os veículos do ciclo diesel e motos, em menor número, esse percentual foi igual a 95%.

Os ajustes finais obtidos no processo de modelagem foram todos significativos, seja pela representatividade (número de dados), seja pela qualidade do ajuste. As curvas de intensidade de uso obtidas por categoria e combustível foram comparadas com aquelas adotadas pelo Ministério do Meio Ambiente e também com as respectivas curvas ajustadas pelo total de combustível comercializado no Estado. Diferenças significativas foram observadas seja com a curva original, seja com a ajustada. Esse fato, associado à representatividade e qualidade dos dados utilizados para levantamento da intensidade de uso leva a propor o emprego das mesmas para compor as estimativas do inventário de emissões veiculares do Estado de São Paulo.

Considerando os automóveis e derivados do ciclo Otto, a curva obtida no estudo, praticamente se elimina a necessidade do ajuste na intensidade de uso pelo consumo de combustível do estado. Recomenda-se, ainda, que o próprio Grupo de Trabalho do Ministério do Meio Ambiente avalie a possibilidade de emprego dessas curvas, por constituírem hoje as melhores estimativas disponíveis.